Entrevista com LUCK, FUNDADOR DO GBCR (GRUPO DE BREAK CONSCIENTE DA ROCINHA).

S.R.R: Você esta praticamente desde o começo do hip hop no Rio de Janeiro, oque levou o surgimento do GBCR?

 Eu comecei em 1986 a ír para os bailes que tinham rodas de soul, rodas de electrofunk... fiz parte de um  grupo que se chamava “Controle do Funk”, tinha um moleque que dançava break e sempre tava nos bailes, fui aprendendo alguns passos com ele e passei a ter contato com outros grupos de break. Fazíamos rodas de break sempre, e numa dessas conheci o Mad, vi o cara ¨sumindo no chão no moinho de vento¨ aí me apaixonei de vez pelo break (risos). Fomos na Giro´s, maior centro de break do Rio de Janeiro na época, eram rodas e mais rodas de dança. Em 88 veio a Back Spin Crew no Circo Voador, nós fomos lá tomamos uma surra maravilhosa(risos). Aí começamos a montar treinos, criei um grupo chamado Legião Radical e vim trabalhar na Rocinha em 91. O grupo me acompanhou  nos apresentamos aqui no Clube Emoções da Rocinha e começamos a treinar aqui na comunidade. Em 95 eu senti a necessidade de formar um grupo daqui,  então formei o GBCR : Grupo de Break Consciente da Rocinha.

S.R.R: Vocês gravaram um CD em 2005 (GBCR Canta). Porque?
 
  Apesar de nós sermos uma equipe de break, eu sempre fiz rap. Sempre teve grafiteiros dentro do grupo, dj do inicio não tinhamos porque era difícil a compra da aparelhagem, mas assim que deu, colocamos um dj que é o dj Nino.  O GBCR sempre trabalhou com os 4 elementos da cultura hip hop. Em todas nossas apresentações sempre teve um MC fazendo rimas, em nossas oficinas tambem.

S.R.R: O CD teve muitas Participações na época, como foi isso?

   Pensamos em fazer o que sempre fizemos em nossas festas, sempre colocamos grupos pra cantar, grafiteiros, dj´s, batalhas de b.boys, e o cd trousse tudo isso, na verdade é uma festa dentro de um cd, tem rap que fala de grafite, de b.boys, cotidiano, muitas participações, tem soul, tem o Gerson king Combo, vários amigos mc´s, tem o freestyle. Em nossas festas, sempre carregamos tudo isso e o disco é um pouco da nossa festa.

S.R.R: Tem uma homenagem a Lord Sá no disco. Quem foi Lord Sá? Fale um pouco dele.
          
  É...(suspiro), o Lord Sá foi um cara que começou praticamente com isso tudo dentro do Rio de Janeiro, foi um dos caras que eu mais ví divulgando o rap nacional, ele chegava nas rádios e falava: “ tem que tocar cara rap de verdade, tem que tocar “. brigava, com os caras pra  tocar,  e ele era aquele negão grandão, dente de ouro chamava atenção, foi um dos grandes divulgadores do rap nacional, na antiga rádio imprensa(102.1 fm), nas rádios comunitárias... O Sá era meio multimídia, um cara que sabia chegar em qualquer lugar, era um cara que animava o pessoal não tinha tempo ruim pro Sá, ele chegava e dizia: “ai cara é isso ai,vamos conseguir o nosso espaço”, mesmo com toda dificuldade o cara tava presente em todo lugar. Faziamos as festas de hip hop na época sem recurso, sem apoio nenhum e sem gente também(risos). Eu lembro que la no clube Caeté(méier - rio de janeiro) em 1993 mais ou menos o Dj Pixote levou o som para la com o Germano Costa e o Sá foi apresentar o evento e eu fui dançar, se tinha dez pessoas dentro da quadra que era linda, era muito(risos). Fizemos então o “Caverna hip – hop” na Lapa no mesmo ano de 93. O Dj Pixote junto com Dj Thael botaram o som la na Lapa na atual febarj, esse foi o primeiro baile de hip hop na Lapa. Se tinha quinze pessoas tambem era muito(risos), o único dia que lotou foi o dia que a MTV foi la fazer uma reportagem com o sambista Bezerra da Silva sobre samba e rap, O YO MTV Rap na época foi entrevistalo no outro sábado ja estava vazio(risos), e o Lord Sá tava presente em todas essas festas sempre apoiando, sempre dando força a todos, foi um cara muito importante não só para o GBCR mas para a cultura hip hop nacional. Então eu junto com o Dj Pixote(Produtor do CD) grande parceiro do Sá também , fizemos uma música em homenagem a ele na qual eu pude cantar junto com ele graças a tecnologia e a gravações antigas que fizemos juntos no antigo studio Hawai em 93/94 o LP intitulado Ponto50, foi demais e emocionante relembrar nosso grande amigo e parceiro.
 
Lord Sá faleceu em 2004 devido a problemas com a diabetes.




















S.R.R:  Como foi a participação do Gerson King Combo no disco?

  O Soul  Music influenciou muito o rap e com agente não é diferente, foi o maior prazer gravar com o Gerson King Combo ele é um Soul Man(risos), concertesa uma grande conquista pessoal e pro nosso grupo também foi uma honra muito grande.